08/06/09

Além do que se vê...♫

Minhas pernas já estão cansadas dessa caminhada. Meu fôlego está quase acabando. Estou quase fraquejando. Tento me manter caminhando. Os meus olhos fixados no final da estrada, que parece não me levar a nenhum lugar, que parece nunca ter fim. A minha razão agarrada à desconfiança, à descrença. O meu coração agarrado à esperança, a fé no que não se pode ver (ainda).
E é essa fé, essa esperança, que me faz andar, continuar. Confesso que, em vários pontos da caminhada, meu corpo tendeu para trás e para frente, para um lado e para o outro. Mas o acreditar é o que sempre me segura, o que me equilibra nesses momentos.
É, caminhar não tem sido fácil.
Já pisei em poças de lamas, sujei minhas canelas. Já tropecei, cai e me machuquei. Em algumas vezes, me machuquei muito. Outras, nem tanto.
Mas o fato é que eu tenho marcas. Cicatrizes pequenas, grandes, médias, umas quase imperceptíveis a olho nu. É, tenho cicatrizes que necessitam de uma maior atenção do observador, de um equipamento específico para enxergá-las - a sensibilidade. Apenas eu as vejo, as identifico. Lembro-me muito bem de cada acontecimento que culminou naquelas marquinhas.
Mesmo marcada, cansada, não consigo ficar por muito tempo estagnada.
O tempo da estagnação dura só o tempo de explodir num choro louco, enxugar as lágrimas, sacudir a poeira da roupa e, depois disso, já me levanto e saio andando; mancando ou não, ferida ou saudável, eu busco chegar. Chegar no vilarejo das realizações, da alegria, da felicidade, da verdade. Mas é tão, tão distante, que parece que nunca chega, que é em vão caminhar tanto, se esforçar assim. Será que é melhor desistir? Será que é melhor sentar no asfalto e chorar? Depois esperar um carro qualquer vir e me matar? Mas seria tão ruim assim, um fim deprimente, covarde. É melhor continuar andando, mesmo sem muita convicção de que vou realmente chegar até onde quero.



(Erica Ferro)

5 comentários:

  1. Escrever um livro? hehe...quem dera!

    Quanto ao seu texto, me veio na mente uma lembrança da minha infância. Quando eu era criança ia com meus primos brincar em um campo que tem perto da casa da minha vó. Eu sempre achei que se andasse um pouco mais poderia alcançar o céu que parecia tocar o chão lááá na frente. Muitas vezes eu fui de encontro a ele. Nunca o alcancei. Mas aquela idéia de tocá-lo me fascinava!

    beijão

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  2. Caminhadas podem sim ser longas e por demais cansativas. Perseverança, no entanto, é nossa fome desde sempre.
    Continue apenas se estiver certa de que o objetivo é pleno, verdadeiro - a paisagem eh mesmo bonita?
    Não desista tao facil. Eu bem sei o que causa o arrependimento.
    Gostei muito do teu espaço. Abraço.

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  3. a estrada existe mesmo..

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  4. Segue teu coração, somente... faz o que ti der vontade.
    Se teu coração acha que já basta, etão pára...
    Mas se ainda achas que tem alguma estrada a seguir, vai lá...segue me frente...

    Nós sempre temos as repostas flor, basta saber acha-las dentro da gente.
    Escutar o que diz nosso interior nos faz bem, nos faz enxergar as verdadeiras prioridades!

    bjão, adorei o texto!

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  5. Nossa, gostei muito do seu texto moça!! Com certeza às vezes penso igual vc, mas é tão fácil desistir, e eu realmente odeio coisas fáceis.. por isso é levantar e seguir em frente xD
    bjusss

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