E eu cheguei no meu limite, nós chegamos. Aliás, estamos chegando. É o fim, é o fim, e não há mais saída. É o fim do ano, de uma década.
E eu me pergunto: "Como foi, Erica? Foi proveitoso? Foi bom? O que você fez? Fez diferença por onde andou? Fez amigos, inimigos? Amou, morreu, chorou, sorriu, sofreu? Viveu?".
E eu vivi, mas não tanto, não como eu deveria. Porque a gente sempre fica pensando que poderia ter sido melhor, que poderia ter sido diferente. Mas pode ser melhor, porque o melhor não se limita a nada, é o melhor. E a gente não alcança a plenitude, por isso que sempre dá para melhorar, para evoluir. Porém, temos que ter a convicção e o reconhecimento que às vezes não nos esforçamos como deveríamos ter nos esforçado; que não vivemos de fato, daquela maneira gostosa, suculenta, de quem tem fome e se farta da fruta mais deliciosa, que é a vida.
E eu reconheço isso. Eu não vivi tanto, eu não conheci tanto, eu não cresci tanto. E eu não fui direito, eu não realizei o que era para ser realizado. E toda as realizações e o que eu posso ser está nas minhas mãos, no meu poder, dentro de mim, escondido por trás da esperança, da fé.
Eu preciso usar a minha vida, o meu tempo, os meus segundos, minutos, anos. E parece um belo discurso. E eu não quero que pareça, porque a intenção não é discursar bonito. A intenção é externar parte da minha tristeza em relação a mim mesma, é um modo de me redimir a mim mesma. Eu quero me perdoar, mas eu não quero permanecer no pecado de não viver. Eu preciso me esbaldar, me fartar dos frutos do existir.
Eu preciso morrer de cansaço no fim do dia, mas sorrir, mesmo que quase imperceptivelmente, de felicidade, daquela sensação de quem cumpriu a sua missão.
Eu quero ler mais, eu quero assistir mais, eu quero correr mais, eu quero sentir mais, eu quero acreditar mais; eu quero mais. Mais vida, mais emoção, mais motivos, mais vontade, mais força, mais desprendimento, mais ousadia.
Eu preciso ousar, inovar, chocar. Chocar quem quer que seja, porém o foco principal do choque seja eu mesma. Porque eu quero me impressionar, para que no fim de 2010 eu possa dizer que eu vivi e que eu tive um ano feliz. Que eu não vegetei, que eu não me omiti, que eu não esqueci do que arde em meu peito.
Eu preciso, eu preciso desesperadamente parar de teorizar. Preciso me calar e agir. Preciso me permitir. Preciso ser mais impulsiva, mais louca. Porque a loucura é boa. Sim! Em muitos momentos é preciso ser louco, porque jamais faríamos certas coisas (ou todas as coisas) medindo as consequências. Mas veja bem, eu não quero ser inconsequente; eu só quero não me preocupar tanto, não me prender ao não ser com medo do que possa acontecer se eu viver. É isso! Só isso que eu peço a mim mesma, e eu quero me ouvir e me atender. Eu preciso ser obediente a mim, aos meus anseios, ao que eu creio e ao que eu quero.
Pois eu não posso continuar me traindo, mentindo que não vejo o sol ir embora e a lua chegar. E sair, e chegar, e sair, e chegar...
Um ciclo que não tem fim, a não ser com a minha própria morte.
E esse texto está tão deprimente, tão desesperado, tão triste para ser o texto de um último post, o último do ano.
Queria poder fazer algo mais alegre, mais esperançoso. E, bem, não me vejam como uma descrente de um futuro bom. Eu só não acredito num futuro lindo e florido sem um arregaçar de mangas, sem suor no rosto, sem fé e sem força para ser e ter o que se quer. Porque é preciso crer, mas fazer. É um conjunto.
Veja que um ano todo se passou, uma década se encerrará à meia noite de hoje, dia 31/12/2009.
E um recomeço virá. E nós faremos o que?
Nós temos que acreditar em nós, nós temos que lutar por nós. Por mais que eu goste de alguém, eu não posso lutar e realizar o que só ela pode. Cada um tem esse poder, por isso cada um tem sua vida.
Eu tenho a minha, e, admito, não tenho cuidado e zelado por ela. Não tanto quanto deveria e quanto eu sinto que preciso.
Mas é o fim... Não há mais jeito, não para esse ano, para essa década.
Contudo tenho tempo. Acho que ganharei um presente às 00:00.
É mais um ano, mais uma década. E eu farei 20 anos nesse ano que chegará.
Duas décadas de vida. Quantas mais eu terei?
Não sei, eu não quero saber, porque seria angustiante saber. O melhor é viver, é ir sem olhar para trás e se lamentar do que não foi, do que não deu para ser.
Por que eu não entendo isso? Por que não coloco um pouco de ânimo em meu ser que agora quer chorar? Por que eu tenho que ser tão melancólica se tratando de "fins"?
Porque eu sou humana, errada, cega, surda e preguiçosa.
Eu sou um poço de imperfeição, de medo e constrangimento. Me constrange ser por medo de constrager a alguém. E isso é inadmissível.
Eu devo aprender com os corajosos, aqueles que vivem à sua maneira, e é isso que os interessam.
Eu deveria ser corajosa. No fundo, eu sinto que sou. No fundo da minha alma há coragem; há fé, há força. E eu preciso encontrar esses ingredientes. Preciso alcançar a minha alma antes da 00:00, porque eu necessito começar o ano mais alegre e mais confiante.
Porque, afinal, não é o fim de tudo, do mundo, de mim mesma. É só o fim de mais ano, de mais uma década.
E eu sou tão jovem, já diria Legião Urbana.
Não posso me desesperar, querer morrer e desistir de mim porque me adiei esse tempo.
Isso é covardia.
E eu já cansei de ser covarde.
É dia 31 de dezembro. Dia de ter coragem para fazer todos os dias um dia feliz. E é isso que eu desejo a vocês, meus amigos blogueiros, que vocês façam cada dia desse ano feliz e especial.
Que vivam de forma intensa, sábia também. Porém não se limitem a vocês ou a ninguém.
Se derramem, se expandam e não temam, ou pelo menos tentem não temer. Porque tentar já é uma vitória se comparado aos que nem tentam e já desistem.
Deixem-me, por fim, dizer o mais importante para vocês, do quanto vocês me fizeram feliz nesse ano, com cada comentário, cada elogio, cada verdade expressa em palavras tão dóceis e eu que senti sendo sinceras.
Deixem-me dizer, "meus seguidos", que cada texto, cada poesia, cada poema, cada reflexão que vocês me proporcionaram estão em mim, gravados em meu coração e em minha lembrança.
Quantas pessoas fantásticas eu conheci esse ano! Verdadeiros escritores, poetas, pensadores... Blogueiros! Amadores, porque amam escrever e externar o que sentem, o que imaginam e o que pensam. Ah, como eu gosto de vocês!
Ah, como eu quero ter vocês por uns mil anos! Mas tudo bem, ninguém vive mil anos, mas eu quero ter vocês comigo até quando me for permitido.
De verdade, vocês são especiais para mim. Muito!
Quero que vocês prometam uma coisa a vocês mesmos.
A proposta é a seguinte: viver o dia, aproveitar o dia, não pensar no todo, em 2010. Porque a vida é agora, é já. Tudo é tão rápido e passageiro, que é preciso aproveitar o que temos agora, e o que temos é o presente. Abracemos o presente e nos apaixonemos por ele, portanto.
E eu digo isso a vocês e, ao mesmo tempo, a mim mesma.
Pois vivamos! Comamos do fruto mais gostoso e ilimitado que é a vida.
Não liguemos para indigestão, para agonias e para tudo o que de obscuro possa surgir.
Deixa surgir para depois se agoniar, mas logo depois procurar uma solução.
Sinto que escrevi demais, não é?
Eu me empolguei muito, confesso.
Melhor finalizar com:
Feliz 2010, massa blogueira!
(Erica Ferro)