21/07/16

A palavra de ordem é SUPERAR!


Quem me conhece, sabe que eu não me sinto muito bem quando me veem como alguém que serve de exemplo para os outros, só pelo fato de ter uma síndrome rara e levar uma vida normal, como qualquer outro ser humano. Simplesmente a Síndrome de Moebius não resume quem eu sou, apenas é uma – importante – parte de mim. Sou mais que um rosto paralisado. Sou mais do que uma dicção peculiar. Sempre gosto de frisar isso. Mas é fato de que nós, todos os dias, nos deparamos com barreiras e que precisamos vencê-las. Certamente vocês já derrubaram vários obstáculos ao longo dos anos. Eu também. Somos, vocês e eu, exemplos de superação, querendo ou não. E é disso que quero falar hoje, sobre uma superação minha, uma que eu acho que vale a pena compartilhar. Houve um episódio que marcou muito negativamente a minha vida. Tal acontecimento se deu na escola, mais precisamente numa apresentação de seminário no segundo ano do Ensino Médio. Eu sempre tive receio de apresentar com medo de piadinhas e risos dos que assistiam. No entanto, quase sempre tive a sorte de ter colegas de turma que me aceitaram e me respeitaram do jeitinho único que sou. 

Quase sempre. Lembro-me como se fosse hoje, quando estava apresentando um trabalho de Filosofia, salvo engano, quando ouvi uma pessoa dizer, sem nenhuma gentileza muito menos empatia, com sorriso de escárnio, “Ai! Alguém traduz aí? Cadê a tradução simultânea?”. Parei, fiquei sem chão e não consegui dizer nada. A única coisa que consegui foi entregar a minha parte a uma colega de equipe e dizer que não mais apresentaria. Aparentemente, só eu ouvi, porque a colega não entendeu porque entreguei a minha parte a ela, mas, mesmo assim, finalizou a apresentação. Depois que acabou, a sala virou um pandemônio, porque os colegas souberam do que a pessoa havia dito comigo e todos saíram em minha defesa. Ao ouvir todo aquele estardalhaço, eu corri, corri pra bem longe da sala e fui chorar no banheiro. Estava arrasada. Tudo bem não entendermos o outro. Não entender algo que o outro diz é normal, até mesmo para quem tem uma dicção considerada perfeita. Mas o que a tal pessoa fez comigo foi um tanto cruel. Ela me desestabilizou totalmente e fez com que eu me sentisse uma espécie de alienígena caída, por acidente, na Terra. Após isso, eu não apresentei mais trabalhos, mesmo com todos (colegas de classe e professores) falando pra que eu apresentasse, que eles me entendiam, que eu não poderia me deixar abater por pessoas sem noção. Porém, eu não conseguia. Passei a ter pânico de apresentações de trabalhos. Perdi pontos por só entregar trabalhos escritos, sem a parte do seminário. Mas não consegui superar aquilo.

Quando terminei o Ensino Médio, entrei em crise, porque eu queria ingressar no ensino superior, mas todos falavam que na universidade a cobrança era alta e havia MUITOS seminários. Ouvi “seminário”, travei. Me sabotei de todas as formas para não entrar no Ensino Superior. Eu não conseguia superar o fato de que eu precisava lidar com o público. Eu não conseguia vencer o trauma do ensino médio. Eu não conseguia esquecer a imagem daquela pessoa, sorrindo com escárnio, de mim.

Finalmente, consegui me forçar a fazer ENEM e, depois de cinco anos de sabotagem comigo mesma, entrei no curso de Biblioteconomia da UFAL. Foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu consegui entrar, mas confesso que com o coração na mão, com muito medo do que aconteceria a partir de então. E só me aconteceu boas coisas, PARA A MINHAAAAA ALEGRIAAAA e surpresa. Já no segundo semestre, entrei num projeto de iniciação científica (PIBIC). Ganhei o coraçãozinho da minha turma (2013.1) e, finalmente, fui perdendo o medo de falar, de me posicionar, de estar na linha de frente.

Então, nesse semestre, eu me matriculei numa disciplina eletiva chamada Seminários de Integração em Biblioteconomia e Ciência da Informação achando que era eletiva do sexto ou do sétimo. Qual não foi a minha surpresa em chegar lá e me deparar com uma turma totalmente desconhecida. Momento de pânico. “Onde estou? Quem são essas pessoas?”. Eu caí de paraquedas no terceiro período. Não conheço ninguém (com exceção de umas novas colegas de turma muito bacanas que já foram gentis). Como o nome da disciplina denuncia, é uma disciplina de SEMINÁRIOS. Imagina a dor no coração que eu senti hoje quando o professor disse “Juntem-se em duplas ou trios, elaborem suas falas sobre texto x, que daqui a 25 minutos faremos um seminário.”. Pensei “E agora? Será que alguém vai rir? Será que alguém vai pedir tradução simultânea? Será que alguém vai ser cruel comigo? Será que vou reviver aquela cena lá do ensino médio?”. Mantive o controle emocional, elaborei minha fala e encarei aquelas pessoas que não conheço e que não me conhecem. Espantosamente, eu estava muito calma, muito tranquila comigo mesma. Falei tudo o que eu precisava falar. Terminei. Ninguém riu. Ninguém agiu de modo ofensivo. Senti uma paz enorme. Mesmo que alguém tivesse rido, mesmo que alguém tivesse sido cruel, eu percebi que nada nem ninguém conseguirá mais me abalar. Não em relação a apresentação de seminários.

Eu superei o trauma do ensino médio. Eu, verdadeiramente, não sinto mais vontade de me esconder, de me isolar, de me deixar à margem. Doa a quem dor, custe o que custar, eu existo. Eu estou aqui e não vou mais me sabotar. Não vou mais me anular. Não vou mais deixar meus sonhos na gaveta por medo de encarar o mundo, que por muitas vezes é cruel e impiedoso com toda e qualquer pessoa denominada “diferente”. E o que eu quero dizer, para finalizar, é isso: nunca deixem que lhe magoem a ponto de vocês desistirem de seus sonhos, nem que sejam por cinco minutos, cinco meses ou cinco anos. Mesmo que o mundo seja impiedoso e cruel, não desistam de vocês mesmos. Vocês não precisam de permissão de ninguém para serem quem são. Sejam gentis, mas saibam batalhar por seus direitos e por seus lugares ao sol. Vocês não precisam de aval de ninguém para serem felizes. Lembrem-se disso, sonhem muito, trabalhem ainda mais e ganhem o mundo. A vida é bela, sobretudo quando sabemos extrair o melhor de tudo que vivemos.

Com amor,
Erica Ferro
21/07/2016

11/07/16

Tudo que vai, volta. Ou não.

É, talvez nem tudo que vai, volta. Mas eu, depois de uns três meses longe desse bloguinho querido, voltei!

Fonte

Motivos que me fizeram ficar afastada do blog por tanto tempo, como nunca antes: no primeiro mês, em decorrência de uma mescla de preguiça e falta de tempo; nos dois últimos meses, estava sem internet no computador. Vocês podem imaginar o quanto fiquei louquinha sem internet. Usava apenas os dados móveis do celular, que acabavam logo e não permitiam fazer muitas coisas além de responder mensagens no WhatsApp e acessar Facebook e o Twitter.  Porém, minha agonia acabou dia 28 de junho, quando finalmente passei a usar um outro serviço de Internet, que até agora não me deu problemas e parece ser mesmo bom.
Nesses meses distante desse cantinho, não fiz muito mais do que nadar, estudar e às vezes ler e assistir uns filmes. Viajei também. Fui a Fortaleza, no início de junho, nadar os Jogos Aquáticos do Ceará, competição na qual conquistei cinco medalhas (3 de ouro, 1 de prata e 1 de bronze). Foi uma competição difícil, visto que estava sem treinar por conta de dores na lombar e no joelho, mas, no entanto, deu pra manter algumas marcas e ter bons momentos, dentro e fora d'água. No meio do mês de junho, viajei a São Paulo por duas razões: fazer uma avaliação ortopédica no Instituto de Órtese e Prótese (IPO) e participar do Aberto Paulista de Natação, organizado e realizado pela Federação Paulista de Desportos para Cegos (FPDC). Descobri, depois de 26 anos, que há uma prótese maravilhosa para o meu tipo de coto, com o pé em fibra de carbono. Um sonho! Contudo, custa cerca de R$ 25.000, e óbvio que eu não tenho condições de comprar. Portanto, farei uma campanha muito em breve para arrecadar a grana da prótese. Tenho bons amigos que sei que me ajudarão e compartilharão a campanha nas redes sociais e/ou no "boca a boca". Minhas dores na lombar e no joelho, segundo o querido fisioterapeuta e protético da IPO, são em decorrência da prótese de baixa qualidade que uso, que não me dá sustentação na perna nem amortece minha pisada; assim, forço muito a ponta do coto pra andar, fazendo com que minha tíbia, joelho e lombar doam loucamente. Sendo assim, adquirir essa prótese de alta qualidade não será apenas pra poder ser corredora (eu quero muito experimentar a sensação de correr sem sentir tanta dor ou achar que a prótese vai "rasgar" a qualquer momento), além de nadadora, mas, sobretudo, será pra viver melhor e diminuir os ricos de lesões na coluna e na perna direita, devido ao encurtamento e a ausência de quase todo o pé direito. Sei que vai dar certo e, tão logo for possível, estarei andando bem, com qualidade e sem sentir tantas dores. Quando eu, junto com uns amigos super criativos e inteligentes, bolarmos a campanha, compartilharei aqui com vocês e em todos os meios possíveis e imagináveis. Desde já, conto com o apoio de vocês.
No dia 3 de julho, dias atrás, estive em Salvador, participando pela segunda vez de um dos maiores eventos de praia: o Rei e Rainha do Mar. Nadei a prova Classic (2km) no mar de São Tomé de Paripe, e foi muito bom, apesar de eu ter me perdido muito durante a prova. Acontece o seguinte: eu uso óculos e tenho 4,5 de grau no olho esquerdo e 4,0 no olho direito. As lentes dos meus óculos de natação são comuns, sem graus, então eu realmente fico perdida no mar, e tenho que fazer um esforço enorme pra enxergar as boias que traçam o percurso da prova. Eu já deveria ter providenciado óculos de natação com grau pra nadar no mar, porque na piscina não é algo que me prejudica tanto, mas em mar aberto é algo que preciso pra ontem. Conquistei um lindo troféu em terras baianas: primeiro lugar na prova Classic, categoria PCD (pessoa com deficiência) feminino. Foi bem bacana ouvir meu nome sendo anunciado nos altos falantes, subir ao pódio e ser premiada pelo Pedro Scooby, surfista de grandes ondas. Foi mágico! Vivo justamente pra poder ter mais momentos assim, que me elevam o espírito e me fazem sentir que tudo, ao final, vale a pena.
Acho que, por hoje, é só. O intuito era mesmo só registrar os motivos pelos quais fiquei fora e dizer que estou de volta. Não sei qual será a frequência das postagens, apenas tenho comigo mesma que sempre que bater uma vontade de transformar pensamentos em letras, preciso vir aqui. Não posso deixar a procrastinação roubar uma das coisas que mais gostava de fazer: escrever. Escrever sobre tudo e nada, sobre levezas e extremos. Não posso deixar de escrever minhas histórias, muito menos de inventar estórias e fingir ser poetisa, cronista e contista. Escrever é delicioso e preciso voltar a fazer disso um hábito que eu sei que vai me fazer bem e mais alegre.

Por fim, uma música bonita que tenho ouvido nos últimos tempos:

Quase sem querer - Legião Urbana

♫♪♫ Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranquilo
E tão contente

Quantas chances
desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém ♫♪♫



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Até a próxima, gente. E que seja em breve!

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21/04/16

Filme: Zootopia


Título: Zootopia
Ano de produção: 2016
Direção: Byron Howard e Rich Moore
Duração: 108 minutos
Gênero: Ação; Animação; Aventura; Comédia; Família; Policial
País: Estados Unidos
Sinopse: Zootopia é uma cidade diferente de tudo o que você já viu. Formada por “bairros-habitat”, como a elegante Praça Sahara e a gelada Tundralândia, essa metrópole abriga uma grande diversidade de animais irreverentes sempre prontos para encarar uma nova e divertida aventura. Quando Judy Hopps chega em Zootopia, ela descobre que ser a primeira coelha da equipe da polícia, formada por animais grandes e fortes, não é nada fácil. Determinada a provar seu valor, ela embarca em uma aventura atrapalhada e bem humorada, ao lado do malandro raposo Nick Wilde para desvendar um grande mistério.

Creio que o fato de eu ser apaixonada por animações não é novidade para os leitores do Sacudindo Palavras. Já devo ter dito isso um bocado de vezes aqui, aliás. Penso que animações são sensacionais e geniais por terem a capacidade de falar do simples e do complexo e de atingir crianças e adultos ao mesmo tempo. Quando li a sinopse de Zootopia, soltei um "Que massa! Preciso assistir no cinema!". Imagina que fantástico uma animação que tem ação, mistério, aventura e comédia etc em doses certas? Assim é Zootopia.

Judy Hopps, uma coelha muito aguerrida, forte, destemida e sonhadora, nos ganha logo no começo do longa. Desde o início de sua vida, ainda uma coelhinha-criança, ela tinha um sonho que, segundo a maioria, era impossível: ser policial. Como uma coelha poderia figurar numa equipe policial, formada majoritariamente por animais de maior porte e fisicamente mais fortes? Judy não sabia como iria conseguir, mas sabia que daria um jeito de alcançar o seu objetivo.

Como podem supor, não foi fácil. Nossa amiguinha penou bastante para se tornar uma policial e, quando enfim se tornou uma, passou por várias situações constrangedoras, típicas pelas quais passam minorias. Ela precisava provar que poderia fazer as coisas, não coisas bobas, mas sim coisas grandiosas e verdadeiramente relevantes. Não sei se foi uma impressão minha, mas notei uma sacada muito boa dos roteiristas e diretores em problematizar o machismo, colocando em cena situações e comportamentos tão naturalizados que, só à luz do feminismo, se pode ter uma outra visão, desprovida de estigmas e livre de preconceitos.

Judy tem uma excelente qualidade: curiosa. E, graças à sua curiosidade, ela se achegou a Nick. E, se de início, foi uma ligação complicada por algumas razões, depois se tornou um elo natural e imprescindível para que, ambos, unidos, pudessem descobrir o que havia de errado em Zootopia. Nick, raposo sacana, bom de lábia e extremamente sagaz, ganha o espectador com facilidade. Judy e Nick, uma parceria inesperada que deu totalmente certo.

Zootopia discorre sobre temas muito importantes, de modo leve, mas certeiro. Machismo, feminismo, pré-julgamentos baseados em aparência, dentre outros assuntos. Uma lição que aprendi com essa animação é que eu, você e todo mundo podemos ser o que quisermos ser. Não nascemos predestinados a fracassar ou a vencer. Nossas escolhas é que irão nos levar além do que jamais ousamos sonhar em chegar. Não importa como somos fisicamente, mas sim o que há por dentro de nós. Nossa força é o que importa. É nosso caráter que vale. São nossas reais intenções que podem sugerir quem somos. Não devemos desistir do que realmente queremos, mesmo diante das adversidades e/ou dos olhares reprovadores e incrédulos. Não podemos perder a fé em nós mesmos, na nossa capacidade de ir além, de nos superarmos e alcançarmos os nossos sonhos mais profundos.

Os personagens são muito bem bolados, cada um com suas características marcantes. Judy e Nick, os protagonistas, são um show à parte. Porém, os pais de Judy ganharam meu coração pela sua fofura e cuidado com a filhota coelha. Eles me desapontaram por conta de alguns posicionamentos, mas que são explicáveis. Sendo assim, estão desculpados (risos). O prefeito e a vice-prefeita de Zootopia têm importância fundamental no desenrolar da investigação. Alguns componentes da equipe policial são simplesmente hilários e eu ri loucamente com algumas cenas. E, caramba, a parte policial da animação não deixa a desejar. Os animais, os ditos predadores de outrora, que na atualidade vivem como seres racionais e sociáveis, passam a agir de modo estranho e alguns retornam aos seus instintos selvagens, irracionais, causando tumulto e pânico em Zootopia. Judy e Nick precisam, então, encontrar respostas para os acontecimentos esquisitos e o desfecho é bom. Não que seja algo fora do comum, mas não é algo besta. A resposta do mistério me satisfez, bem como não achei tão óbvio o personagem que estava por trás de tudo o tempo todo.

A trilha sonora é sensacional! Há uma personagem que é uma espécie de fenômeno pop no mundo de Zootopia. É a Gazelle! Adorei esse nome (risos!). Quem dá voz a Gazelle é Shakira, diva, linda e dona de uma voz inconfundível. Sem mais delongas, corram para ver Zootopia nos cinemas. Garanto que, no mínimo, vocês vão se divertir bastante! Se chegarem a assistir, não esqueçam de comentar comigo o que acharam do filme. Combinado?

Quero deixar dois vídeos bem bacanas aqui, o primeiro é a música-tema de Zootopia e o segundo é o trailer:




Trailer


Erica Ferro

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11/04/16

Resenha: Todo Dia - David Levithan


Todo Dia
David Levithan
Editora Galera Record
280 páginas

☺☺☺☺

Sinopse: Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.

Todo Dia tem uma premissa, no mínimo, curiosa. Já faz algum tempo que venho lendo resenhas positivas acerca dessa obra de David Levithan, mas, por uma razão ou outra, só me veio a real vontade de ler agora. Tenho uma porção de livros não lidos e quero doar cerca de 70% deles. A maioria é de parceria e há uma porcentagem ótima de obras bem bacanas, mas que não me desperta mais tanto interesse quanto antes. Como não há mais espaço na minha estante e eu quero muito adquirir uma porção de livros nos próximos meses que condiz muito mais com a minha atual fase de leitora, preciso liberar lugares no meu cantinho de livros.
E o dilema se deu. Depois que acabei de ler Garota Exemplar, fiquei perdida em meio a tantos livros físicos e alguns virtuais do meu acervo. Passei por uns momentos de "E aí, o que ler agora?". E, plim!, comecei a ler Todo Dia no Kindle que veio instalado no meu notebook (a Amazon me ofereceu trinta dias grátis, coisa que aceitei de bom grado). É o primeiro livro que leio de David. E, à medida que lia, fui sendo, gradativamente, enredada pela trama, pelo protagonista chamado, simplesmente, de A e por sua incomum forma de viver e existir.
Quando disse anteriormente que esse livro tem uma proposta no mínimo curiosa, me referi exatamente ao protagonista que David Levithan criou. Ele é um adolescente de 16 anos, mas ele não tem gênero definido. Eu estou me referindo a ele no sentido de ser e não de rapaz. Na tradução da Galera Record, A é tratado como ele, mas desconfio de que seja porque não há, em português, um pronome neutro equivalente ao it do inglês.
A acorda todos os dias no corpo de um adolescente diferente, mas sempre da sua idade. De início, achei estranho. É como se por um dia o dono do corpo ficasse "sem controle" de si mesmo, pois A está o hospedando por 24hrs. Não há explicações claras por que isso acontece, o protagonista não sabe nos dizer. A tenta interferir o mínimo possível na vida de cada adolescente cujo corpo hospeda a cada dia. De uma maneira misteriosa, ele tem acesso ao cérebro, contendo informações e memórias do dono do corpo; sendo assim, ele consegue agir do modo mais natural possível, sem despertar muitas suspeitas de familiares e amigos desses adolescentes.
Há uns dias em que A acorda num corpo de uma menina, em outros, num de menino. Essas meninas e meninos podem ser magros, gordos, baixos, altos, viciados em drogas, deprimidos, fúteis etc. Ainda que ele não possa mudar essas pessoas, porque não é seu direito, nem daria tempo de fazer isso em 24hrs, A tenta fazer com que o dia termine bem e que a pessoa cujo corpo ele "morou por um dia" tenha boas sensações a respeito do dia em que ela passou "fora do ar" sem saber.
As coisas passam a mudar dentro de e para A quando ele acorda no corpo de Justin, um garoto de personalidade duvidosa, sem tato no trato com os outros, com características morais deploráveis e irritantes, mas que namora uma moça muito legal chamada Rhiannon. A, um ser doce e agradável, se encanta pela moça e a proporciona um aprazível dia. Rhiannon estranha bastante o jeito do namorado, que, costumeiramente é um brutamontes, contudo resolve se entregar ao momento mágico e se apega ao que de bom o dia pode oferecer. É, então, que começa toda a saga de A para encontrar Rhiannon todos os dias, estando ele sempre em um corpo e local diferentes, bem como para revelar a ela o seu raro modo de vida.
Todo Dia se enquadra no gênero literário Jovens Adultos (Young Adults), gênero que não costumo ler com frequência, mas que, em geral, tenho a sorte de ler ótimas obras quando resolvo me aventurar por ele. Esse, em especial, me ganhou sem muito esforço. David Levithan escreve de uma forma fluida, gostosa e bonita. Nesse livro, ele aborda temas pertinentes, e, em sua maioria, procura prezar pelo respeito ao próximo, seja esse próximo como for. David é conhecido por retratar, em suas obras, questões muito importantes concernentes a comunidade LGBT. Não foi diferente em Todo Dia.
Além de delinear muitíssimo bem a homossexualidade, percebi problematizações essenciais, embora nas entrelinhas, no que se refere a identidade de gênero nesse livro, especialmente ao gênero líquido/fluído. O que achei sensacional da parte de Levithan, porque é algo que não vejo sendo abordado em livros, filmes etc. Ruby Rose, uma das detentas em Litchfield, do seriado Orange Is the New Black, se denomina como gênero fluído. Ela, junto com a sua então namorada Phoebe Dahl (neta do escritor Roald Dahl, que deu vida a Matilda), produziu um curta interessante sobre o tema. Vale assistir, pois parece ilustrar bem o que sente uma pessoa com essa identidade de gênero.
Por fim, quero dizer que A ganhou o meu coração, e o jeito com o qual descreveu o amor e ao ato de amar foi poético, tocante e emocionante. Minhas queixas com Levithan, e espero não dar nenhum grande spoiler aqui, se devem apenas aos fatos de ele ter retratado a obesidade de uma maneira pouco respeitosa, e que eu diria até, em certa medida, discriminatória. Fiquei um pouco chocada com essa parte, porque em todo o livro se vê uma preocupação enorme com o respeito e a dignidade ao ser humano e suas características/particularidades, então não entendi o porquê de Levithan ter tratado esse tema da forma como o tratou: desprovido de respeito e empatia. O segundo e último fato foi ter deixado em aberto algumas perguntas que ajudariam o leitor a entender a origem e o modo de vida de A, sobretudo em relação ao desfecho meio abrupto. Pelo que pesquisei, não há sequência para o livro, o que é uma pena, visto que não vou obter as respostas desejadas. Na verdade, será lançado, acredito que em breve, Another Day, que é a mesma estória, mas, dessa vez, sob a ótica de Rhiannon. Dei uma olhada nos comentários feitos nesse livro postados no goodreads e, pelo pouco que sei de inglês, os leitores ficaram um pouco decepcionados porque essa obra não se trata de uma continuação, assim parece que esse livro traz nada de novo ou revelador.
Ainda assim, com essas minhas ressalvas que não pude deixar de fazer, recomendo Todo Dia a todos que gostam de um bom romance. É uma trama que nos ganha pela premissa inovadora e pela fluidez como o enredo é desenvolvido. Quatro smiles para Todo Dia, de David Levithan!

Erica Ferro

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06/04/16

Uma alegre noite no parque

Queridonas e queridões, como estão vocês? Eu estou bem! Sabem como iniciei o meu mês de abril? Voltando a ser criança por uma noite! 


No último domingo, 3, fui a um parquinho de diversões aqui perto de casa. Nada de muito luxuoso, afinal moro em um bairro periférico de Maceió, mas de clima bacana e que me remeteu rapidamente a minha infância. Não que eu costumasse ir a muitos parques quando pequena, mas, quando havia uma rara oportunidade, lembro de ficar muito animada, querendo desfrutar de todos os brinquedos possíveis e das comidinhas que são vendidas em parques de diversões, dentre as quais as minhas favoritas eram (e ainda são!) algodão doce e maçã-do-amor. 


Tudo bem que sempre fazia uma baita sujeira quando comia maçã-do-amor, pois aquele docinho que cobre a maçã é bastante grudento, né? Mas, mesmo um pouco incomodada com a boca grudando de açúcar caramelizado, curtia bastante o momento de diversão. Era um momento mágico em que eu buscava eternizar ao aproveitar ao máximo cada segundo. Como é bom ser criança! 


E eu, no auge dos meus 25 anos (dia 27/05 faço 26), não me furtei a relembrar como é ser criança na noite do dia 3. Não consegui encontrar algodão doce nem maçã-do-amor pra comprar, mas, em compensação, entrei na pista dos carrinhos de bate-bate. Imagina que eu queria curtir o passeio de dois minutos e meio (no máximo, três minutos) no meu possante, enquanto os pequerruchos queriam bater no meu carrinho. E foi ótimo! Muito bom ver um montão de sorrisos no rosto das crianças e ouvir, deliciada, as gargalhadas de felicidade pura!


Sou meio medrosinha com altura, mas queria sentir de novo como era andar numa roda-gigante. Enquanto ela estava girando, estava tranquilo, estava tudo azul da cor do mar. Mas, gente, quando o troço parava no exato momento em que minha cadeirinha estava na parte mais alta da roda gigante, eu dizia, ensandecidamente, "desce, desce, desce... pelo amor de deus, desce... ai, meu deus, essa cadeirinha tá balançando... desce, pelamordedeus, deeeesce!". E o pior que o moço que estava no comando da roda gigante parece ter se esquecido de mim. Acho que dei umas quinze voltas no brinquedo, então depois de a minha cadeirinha ter parado umas quatro vezes numas partes altas que me davam taquicardia, eu decidi olhar pra o moço e sinalizar um "tá bom". Então, a roda parou e eu desci com as pernas meio trêmulas. Mas, mesmo assim, foi maravilhoso! Ri de nervoso e de contentamento! Me julguem: soy loca!



Depois, me chamaram pra ir num brinquedo chamado Minhocão. Pensei: "Deve ser tranquilo. Minhocão parece um nome de brinquedo tranquilinho, de boa, que não parece causar alvoroço.". Lá fui eu. O brinquedo era num formato de uma minhoca gigante e ela parecia amigável. Vi que o brinquedo parecia uma micro montanha russa, mas achei que eu iria encarar de boa. Comigo, estava um rapazinho por volta de uns catorze anos e uma menininha de sete anos. Subimos, tranquilamente, no brinquedo e o troço começou a correr loucamente. E, meu deus do céu, vocês não sabem o quanto eu gritei enlouquecidamente. De medo e histeria. Duas coisas que me causam um medo terrível: altura e velocidade em descidas. Gritava coisas como "ai, meu deeeeeeus... ai, vou morrer... aaaaaaaai, meu deeeeeeeeus... ai, jesus... aaaaaaaai...", e pensava "se sou cuspida desse negócio, não sobra pedaço de mim...". Enquanto gritava doidamente e tinha esses pensamentos super positivos, a menininha de sete anos gritava pra mim, entre gargalhadas altas, "você é muito medrosa...". E pronto, comecei a rir também e a me divertir, mesmo com medo, porque o meu medo louco e meu comportamento divertido fizeram uma garotinha sor(rir) à beça. Saí do brinquedo feliz da vida, segurando a mão da menininha, minha mais nova amiga de aventuras.


Por fim, fui num tal de crazy dance. Meu jesus cristinho, como o bagulho gira! Minha amiguinha ficou tontinha, tadinha. Só percebi que ela estava ficando "bêbada" com os giros depois de gritar loucamente, o que espero não ter prejudicado a audição da menina. Mas era bom, mesmo girando tanto e tão rápido! A garotinha saiu bravamente do crazy dance, e ainda disse "quero ir de novo!". Eita menininha de fibra! Adorei!


Sim, minha noite de domingo foi mesmo ótima e eu curti cada momentinho. Mesmo com medo em alguns brinquedos meio loucos, a diversão foi garantida. Falta muito isso em "gente grande": se permitir. Não ter vergonha de fazer coisas que dizem não condizer com a nossa idade. Eu não tenho medo algum do ridículo. O que é ridículo é deixar de fazer algo por medo de julgamentos alheios infundados. O bom da vida é aproveitar cada momento e tentar enxergar sempre o lado positivo de todas as situações. É procurarmos adquirir e manter dentro de nós, ao menos um pouco, a pureza das crianças e a sabedoria dos anciãos. 

Para finalizar a postagem, deixo aqui uma canção de Balão Mágico. Quem desconhece? Creio que uma porcentagem mínima dos brasileiros, né? Venham comigo relembrar da infância, embarcar nesse fantástico balão e sermos felizes. Porque ser feliz é o maior barato!


Erica Ferro

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28/03/16

Resenha: Garota Exemplar - Gillian Flynn


Garota Exemplar
Gillian Flynn
Editora Intrínseca
448 páginas

☺☺☺☺

Sinopse: Uma das mais aclamadas escritoras de suspense da atualidade, Gillian Flynn apresenta um relato perturbador sobre um casamento em crise. Com 4 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo – o maior sucesso editorial do ano, atrás apenas da Trilogia Cinquenta tons de cinza –, "Garota Exemplar" alia humor perspicaz a uma narrativa eletrizante. O resultado é uma atmosfera de dúvidas que faz o leitor mudar de opinião a cada capítulo. Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?

Peço que me perdoem pelo trocadilho infame que farei nesse exato momento, mas, sabem como é, não resisto: Garota Exemplar é um exemplo de excelente livro. Quantas e quantas vezes já li blogueiros/vlogueiros rasgando elogios a escrita de Gillian Flynn? Muitas! Imagino que a maioria de vocês também conheça a boa fama dessa escritora. Gillian é formada em jornalismo e inglês pela Universidade do Kansas. Trabalhou, por dez anos, como crítica de cinema e TV para a Entertainment Weekly. Atualmente, ela se dedica de forma integral à sua vida de escritora.
E, bem, depois de ler inúmeras resenhas sobre seus livros, eis que, então, no fim do ano passado, aproveitei uma maravilhosa promoção da Amazon e adquiri Garota Exemplar. A Editora Intrínseca foi a responsável pelo lançamento da primeira edição dessa obra aqui no Brasil, em 2012. Em 2014, foi lançado o filme homônimo, dirigido por David Fincher, no qual Gillian atuou como roteirista. No elenco, há Ben Affleck no papel de Nick, Rosamund Pike como Amy e o meu eterno BarneyNeil Patrick Harris, interpretando Desi. A Intrínseca lançou uma segunda edição da obra, com o projeto gráfico semelhante ao do filme. E é essa edição que tenho. Confesso que gosto mais do projeto gráfico da primeira edição, mas, sabe-se lá por que, acabei comprando a segunda.
Após uma longa introdução, vamos aos meus comentários acerca desse livro cativante. O livro nos apresenta a Nick Dunne e Amy Elliott. Um casal quase comum: se conhecem numa festa, passam um bom tempo sem se ver, então se reencontram e resolvem se casar. E, no comecinho, era tudo tão fantástico, eles se completavam tão bem e eram sensacionais juntos. Que sintonia mágica! Que maravilha de início de vida a dois! Perfeito, exemplar! Será?
A narrativa se dá em primeira pessoa: ora por Nick, ora por Amy. A fala de Nick é sempre sobre algo que está ocorrendo no presente, enquanto que a de Amy se inicia no passado e, conforme a trama se desenvolve, o tempo de sua fala passa ao presente. Esse recurso escolhido pela autora foi maravilhoso, porque nos permite entrar "na cabeça" de ambos. O leitor tem a chance de simpatizar com ambos, amar ambos, odiar ambos, suspeitar de ambos, só para, então, voltar a estaca zero, pois os próximos passos quase nunca são fáceis de predizer e é capaz de pegar o mais esperto de calças curtas.
Nick e Amy viveram o início de seu casamento em Nova York, e era tudo muito perfeito. Quando tiveram de se mudar para cidade Natal de Nick, North Carthage, para que ele pudesse estar mais perto de sua mãe que enfrentava um câncer, as coisas começaram a sair dos eixos... Até ao ponto de Amy desaparecer. E aí, meus queridos leitores, foi nesse ponto que lascou foi tudo. Há uma investigação para descobrir o que houve com Amy, que, em certo momento, Nick figura como o principal suspeito pelo desaparecimento de sua esposa.
Gillian criou uma estória tão bem amarrada, tão bem construída, que me fisgou completamente. E ela é gosta de jogar com o leitor. Gillian é uma exímia jogadora. Criou dois personagens que despertam em nós sentimentos antagônicos. Vamos do amor ao ódio e do ódio ao amor com muita facilidade por esses dois. A cada capítulo, somos surpreendidos por um segredo ou por uma faceta que sequer desconfiávamos em relação a eles. Não conseguimos ficar de um lado por muito tempo. Em um momento, acreditamos na verdade de Nick; em outro, na de Amy. A verdade é que essa Gillian é danada! Ela desnuda a mente humana com uma habilidade admirável. E nós, leitores, vamos juntos, mergulhando fundo na mente e na alma dos personagens, conhecendo, atônitos, suas ideias mais obscuras e seus comportamentos mais macabros. O desfecho me irritou um pouco, embora eu saiba que fez sentido e que nem de longe foi clichê.
Garota Exemplar é um suspense incrível, no qual podemos ver a feiura que há por trás de relacionamentos aparentemente perfeitos, bem como nos assombrarmos em ver o quanto seres humanos podem ser terríveis uns com outros para satisfazer seu próprio ego psicótico e/ou psicopático.
A mente humana pode ser adjetivada de várias formas. A da Gillian pode ser descrita como uma mente genial, que sabe bolar uma estória igualmente genial e ser capaz de conquistar a admiração de inúmeros leitores ao redor do mundo. A escrita de Gillian me ganhou. Virei fã dessa mulher e já quero ler outros livros dessa autora extremamente talentosa. E, agora que li o livro, vou procurar assistir o filme.
Esse livro é pra você, que adora um livro que te pega de jeito e não permite que você o largue sem devorar boas páginas dele de uma só vez. Esse livro é pra você, que adora um jogo de gato e rato. Esse livro é pra você, que adora protagonistas bem elaborados, com uma inteligência acima da média e com comportamentos nada previsíveis.

Erica Ferro

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26/03/16

Sobre o que ceifa o amor

Ele era apenas um garoto que achava que nada nesse mundo o atingiria.
Ele era apenas um garoto trabalhador que todas as tardes voltava pra casa frustrado e ia pra aula todas as noites.
Ele era apenas um garoto que sonhava dar uma vida melhor pra sua família humilde através de seus estudos e suas lutas diárias.
Era apenas um garoto que num único deslize deu boas vindas a paternidade antes da hora.
Ele era apenas um garoto que se deixou ser manipulado, manipulado pela mídia, manipulado por "amigos", manipulado pela vida.
E tornou-se em um homem fragilizado, mas que adora se fazer de forte. E hoje é um homem que ganha muito com o seu trabalho tedioso, ajuda seus pais, tios e irmãos, mas, que, quando chega em casa, não consegue se sentir feliz consigo mesmo. Há um vazio dentro dele. Todos os dias, pelo menos por cinco minutos, ele se auto examina, se vasculha, se chacoalha, mas não consegue solucionar o vão que há entre a alma e o seu corpo. O que lhe falta? O que lhe sobra? O que lhe impede de ser pleno?
O que lhe falta no coração?
Ele se olha no espelho mas não se enxerga. Só consegue ver uma sombra. Talvez a sombra do seu orgulho, receios e medos.
Ele tem muito medo de perder o seu orgulho. Ele não consegue sequer cogitar perder só um pouquinho da empáfia que, segundo ele, foi forçado a ter.
Ele, tolo que é, confunde empáfia com saber se impor. Ele, tolo que é, escolheu ser esnobe a ser firme com exatas doses de gentilezas.
Ele, todo que é, deixou passar uma moça que era sonhos e poesia. Ela, todinha, era um poesia belíssima. Ela o amava com toda a sua alma. Ela não era ruim da visão, não. Enxergava-o muito bem, com seus defeitos, manias e pequenos delitos. No entanto, achava que ele poderia mudar, que ele poderia se apegar ao bem que acreditava existir dentro dele.
Ela, a menina-mulher repleta de poesia e de amor, tinha uma alma purinha, quase igual ao de uma criança. Acreditava tanto, mas tanto, no poder transformador do amor. Mas ele... ah, ele não. Ele era amargurado, nunca foi capaz de abrir o seu coração. Achava que a felicidade era só uma palavra e que jamais poderia sair do papel.
Onde ele se perdeu? Ele tinha sonhos, lembra vagamente de que, sim!, ele tinha sonhos. Muitos sonhos.
Onde ele se perdeu? Na infância? Ao longo da juventude? Quando a melancolia foi tomando espaço e a frustração tomou conta de todo o seu ser?
Os sonhos podem ter se perdido na autossuficiência disfarçada de sabedoria.
Os sonhos se perderam no egocentrismo disfarçado de simpatia.
E junto com os sonhos, ele se perdeu também e hoje é apenas um ser cuja existência é insignificante.
Ele não toca mais ninguém. Ele não toca porque não consegue e porque não quer conseguir. Ele se acomodou a ser mais um que não faz nada para ser notado.
E ela... Ah, ela encontrou outro amor, um amor que também a amava com verdade e pureza, que enxergou e amou toda a poesia que sempre houve nela.
Sem ele, ela cresceu, amadureceu, mas sem deixar de ser poesia bonita, sorridente e ingênua. Não ingênua tola, que facilmente é passada pra trás. Ingênua no sentido de conseguir ver um lado bom até nas coisas mais emaranhadas e complicadas, nas ditas coisas perdidas do mundo. Porque, pra ela, tudo é uma questão de querer, de escolher viver a vida com amor, se apegando aos sonhos e ao que é bom.
Ela espera que ele se encontre, se não no amor, que seja na sorte, em algum sonho ou com os tombos da vida.

(Ariana Coimbra & Erica Ferro)

* * *
E saiu o segundo escrito em parceria com a senhorita Ariana! Clicando aqui vocês poderão ler o resultado da primeira parceria.
É sempre bom escrever com essa moça! 
Espero que vocês, meus queridões, também gostem. 
Beijos na alma!

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24/03/16

Sobre inspirar

Olá, olá! Como vão vocês?
Quero falar com vocês sobre YouTube. Ou melhor, falar sobre pessoas que produzem conteúdo para ele: os YouTubers. Percebi que, assim como na Blogosfera, a Vlogosfera tem um pouco de tudo: pessoas que postam inutilidades, infantilidades, superficialidades, bem como as que disseminam informações relevantes, opiniões louváveis, conteúdos diversificados e de qualidade. Sobretudo, há pessoas que têm uma boa visibilidade e sabem usar isso de maneira proveitosa para si e para os outros.
Não sou uma viciada em YouTube nem passo o dia inteiro vendo vídeos no dito site, porém eu tenho meus YouTubers queridos, canais que eu gosto de ver com uma certa frequência, por me identificar e por saber que, de alguma forma ou de outra, assistir ao conteúdo desses vídeos me fará bem e/ou irá acrescentar algo de positivo em mim. 
Sabe qual foi a porta para que eu conhecesse melhor o Feminismo (bem como suas vertentes)? Sim, o YouTube. Conheci meninas-mulheres incríveis, donas de canais que são verdadeiros portais para o conhecimento de temas muito importantes e que nos permitem refletir, rever nossos conceitos e preconceitos, desconstruir comportamentos ofensivos para nós mesmos e para os outros. 
Aprendi a ouvir, com empatia, o que mulheres tem a dizer. Ouvi histórias tristes, me compadeci e quis segurar a mão de muitas delas. Tirei a venda que o machismo colocou em meus olhos e finalmente vi que muitas mulheres passam por situações lastimáveis, deploráveis e inadmissíveis diariamente. E, no auge do meu descontentamento e indignação, percebi que eu preciso fazer parte da mudança. 
Eu não posso me omitir, me calar ou fingir que não vejo mulheres tendo sua liberdade tolhida e sendo inferiorizada dia após dia. Eu preciso lutar por mim e por todas as outras. Na minha humilde opinião de alguém que não sabe sobre as teorias feministas, que apenas entende do que vê e/ou ouve, a luta das mulheres não é contra os homens, mas sim em busca do asseguramento dos nossos direitos, em defesa de respeito e de nossa liberdade. Luta essa que não precisaria existir se não houvesse essa cultura de que homens são superiores às mulheres e que podem fazer tudo o que quiserem com os seres do sexo feminino e as coisas ficam por isso mesmo. Enquanto a realidade não mudar, a luta é de extrema importância e não cessará.
Fiz uma longa introdução (confesso que me empolguei *risos*) para apresentar cinco meninas/ mulheres maravilhosas, empoderadas, que inspiram muitas pessoas, em especial outras mulheres. 

1. Jout Jout é sensacional! Essa niteroiense, com esse gostoso sotaque carioca, fala sobre muitas coisas simples e complexas com uma facilidade e um carisma ímpar. Um dos vídeos dela que mais bombou foi esse aqui:


Fala de relacionamento abusivo e nos incentiva a nos empoderar e a não abaixarmos a cabeça para quem quer nos oprimir. Essa mulher é fantástica!

2. Já disse Jout Jout é sensacional? Pois então! Ela me apresentou a Nátaly Neri, do canal Afros e Afins. E, caramba, ela é incrível! Aprendi tanto com esse vídeo dela!



É de uma importância enorme conhecer os feminismos que há dentro do Feminismo. Nátaly me abriu os olhos acerca de várias situações pelas quais mulheres negras passam. É a questão de empatia. Como não sou negra e não sei como é passar o que passa uma mulher negra, eu preciso ouvir, com empatia e sem reservas, para que eu possa estar junto na luta, mas sem jamais tirar a voz delas, porque são elas que devem falar, porque vão o fazer com propriedade. 

3. Carolina Monteiro, de 9 anos, que esbanja autoestima, empoderamento e nos ensina a enxergar nossas características físicas com amor, bem como nos mostra que precisamos ter orgulho de quem somos.


Esse vídeo de Carol me encantou completamente. Tantas e tantas vezes ouvi pessoas falando que o cabelo crespo era um cabelo "ruim". Tantas vezes isso me colocou a pensar no assunto. Não existe cabelo ruim, Carol e outras me ensinaram isso. Não existe cabelo duro. O que é duro é o preconceito, também me ensinou Carolina. Duro é ouvir pessoas tentando nos inferiorizar por nossas características físicas. Devemos ter amor por cada pedacinho de nós. Carolina me ensina, com seus vídeos e postagens, sobre o amor, sobre amar a si e ao outro, sobre ter empatia pelo o que é diferente de nós. Torço para que a Carol cresça mais e mais empoderada e que continue a inspirar meninas e mulheres, assim como me inspira.

4. Fernanda Zau, outra carioca sensacional, que não tem papas na língua e fala um pouco de tudo com muita desenvoltura e bom humor.


É o que vivo dizendo: cantadas de desconhecidos não conseguem soar aos meus ouvidos como elogios. Não são elogios. Ouvir um desconhecido te chamar de gostosa é, no mínimo, assustador. Sabe-se lá quem é o sujeito. Sabe-se lá se ele ficará apenas no "ei, gostosa" ou se ele pensa em fazer algo de prejudicial fisicamente e/ou psicologicamente a nós. Definitivamente, não é a maneira mais correta/inteligente para se abordar uma mulher. Aprendam, homens.

5. Ana De Cesaro, do canal Tá, e daí?, é a quinta mulher-maravilha da minha lista. Eu adoro essa moça gaúcha. Aliás, eu sinto uma empatia enorme pelo povo gaúcho, bem como sou apaixonada pelo sotaque do Rio Grande do Sul, tchê! Essa moça fala sobre temas como livros, filmes e séries, empoderamento, vida saudável, feminismo etc.


Ana postou esse vídeo no dia 8 de março de 2015. Muito bom vê-la discorrendo sobre o feminismo, Aprendi demais, me identifiquei com algumas ideias, refleti sobre outras. Fiquei feliz em ouvi-la contar sobre a sua infância e sobre como o feminismo foi fundamental para o seu autoconhecimento, em como a ajudou a se gostar e se amar exatamente do jeito dela, sem precisar mudar para agradar ninguém. Afinal, ser mulher vai além das teorias e dos modelos de comportamento pré-estabelecidos por essa sociedade louca.

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Bem, por hoje é só. Espero que tenham gostado da postagem de hoje. Vejam os vídeos e se deixem inspirar por essas criaturas encantadoras, inteligentes e com uma parcela notável de sabedoria.
Parabéns a todas nós, mulheres, que resistimos e insistimos na luta por nossos direitos, bem como exercemos os nossos deveres com responsabilidade e com qualidade.

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20/03/16

O poder transformador do amor

Faz um mês que não venho aqui. Tanta coisa aconteceu. Coisas bonitas. Coisas não tão bonitas assim. Mas tudo, exatamente tudo, foi importante para o meu crescimento e autoconhecimento. Nas últimas semanas, participei de duas competições muito bacanas: a fase Norte/Nordeste de Natação Paralímpica do Circuito Brasil CAIXA Loterias, em Recife/PE, e a primeira etapa da Copa Hammerhead de Maratona Aquática, em Natal/RN. No Norte/Nordeste, que aconteceu nos dias 5 e 6 de março, conquistei seis ouros e muitos aprendizados, bem como superações pessoais inenarráveis.
No sábado, 12 de março, dia do Bibliotecário (minha futura formação!), tive o prazer de nadar a primeira etapa da Copa Hammerhead. Foi uma prova cansativa, mas muito tranquila. Quem me conhece, sabe que eu morria de medo de mar. Eu sequer conseguia molhar as canelas numa praia sem querer sair correndo de volta pra areia. Rolava um medo bem enorme mesmo. E hoje conseguir entrar no mar, tranquila, ficando sozinha em alguns trechos e continuar tranquila, nadando, braçada a braçada, curtindo cada segundo ali dentro, é algo impagável. Superar os medos é algo que extremamente maravilhoso e indescritível. Ganhei uma medalha finisher lindíssima e um troféu ainda mais lindo! Espero que o primeiro de muitos! 


Porém, o que eu quero compartilhar aqui hoje, até mais do que contar sobre minhas conquistas na natação, diz respeito a alguns pensamentos que vêm caminhando junto comigo nos últimos anos e que só têm me feito bem.
Quero falar sobre o amor. O amor em sua forma mais genuína e completa. Quero falar do poder do amor em minha vida. Quero falar do bem, da força imensurável que o bem tem de nos transformar em pessoas melhores. Quando nós adicionamos amor em nós mesmos, em nossas vidas e ao nosso redor, as coisas mudam pra melhor. Simples, isso. Tão clichê. Por que nos esquecemos disso? Por que nos é tão difícil cultivar pensamentos de amor? O mundo está cada vez mais cheio de ódio, de intolerância, de pessoas cheias de negatividade, que precisam de ajuda, que precisam se libertar de toda essa carga energética nociva. Tantas pessoas com corações repletos de ódio, que não conseguem se perdoar, que não conseguem seguir em frente, com a mente e o coração em paz. Quando praticamos o perdão, de coração puro e em verdade, nos libertamos e libertamos o outro. E, assim, cada um seguirá o seu destino e poderá dar continuidade a sua existência com maior fluidez e paz. Os pensamentos e sentimentos ruins nos atraem elementos negativos, que só nos atrasam, que fazem com que nossa vida se paralise, e assim travamos, passamos a ver o mundo por meio de uma lente embaçada e só conseguimos ver o mundo com olhos tristes, de desamor e desespero. Nenhum desses sentimentos nos levará a bons lugares. Não somos santos nem nunca conseguiremos ser, mas precisamos nos policiar para que nosso corpo seja morada de bons sentimentos e que nossas atitudes reflitam honestamente o que há em nós. Que o bem ande coladinho a nós. Que o amor nos contagie da cabeça aos pés. Que a paz esteja conosco. Que o perdão não seja algo tão difícil de dar e se dar. Que façamos o bem, com amor, e sem esperar nada em troca. Porque a caridade deve ser praticada pelo prazer de ajudar, pelo bem-estar de auxiliar alguém a encontrar um caminho melhor, mais florido e pacífico. Que nos permitamos ao menos ser fagulhas de paz, de amor e de esperança nesse mundo tão carente de sentimentos benignos.


Só o amor transforma. Só o amor cura. Só o amor liberta. Só o amor pode nos ajudar a superar e a vencer todas as barreiras dessa vida. A força do amor é tremenda e, diante dessa força inigualável, mal algum sobrevive. Porque o amor é revolucionário. O amor tem revolucionado a minha vida. O amor tem transformado a minha existência e dado sentido aos meus dias. Os meus sonhos são pautados no amor que eu sinto por vários elementos e pessoas. São os meus sonhos cheios de amor que me levam além. E indo além é que chegarei a lugares tranquilos, que irão me proporcionar aprendizados e paz de espírito.

Erica Ferro

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20/02/16

Ninguém ama ninguém

Ninguém ama ninguém,
canta Ville Valo,
com a sua voz intensamente
sedutora.

Ninguém ama ninguém,
disso sempre desconfiei.
Todos sempre voltados para os
próprios umbigos,
embevecidos por si mesmos,
encantados pelos seus reflexos
no espelho.

Ninguém ama ninguém,
todos se desencontram na fracassada
tentativa de amar e ser amado.
Ama-se a ideia que se tem do outro,
nunca o outro.

Ninguém ama ninguém,
porque o amor exige resiliência
de aceitar o outro como ele é,
por inteiro,
sem reservas,
sem máscaras,
sem ressalvas.

Ninguém ama ninguém,
pois amar é para quem não tem 
pressa de ouvir o outro,
de tentar entender,
de se envolver por completo,
de procurar somar
ao viver do seu dito amor.

Ninguém ama ninguém,
afinal porque amar dá trabalho.
Quem ama, se entrega, se doa, se dá
em prol do sentimento imenso que sente
pulsar dentro do peito.

Amor é para os loucos,
os insistentes, os que não
fogem da raia.
Amor é para quem não
tem medo dos obstáculos
da estrada esburacada que leva
ao sentimento tocante
de amor na mais pura substância.

Amor é para quem encara os horrores
e belezas dessa vida com a mesma
coragem.

Porque o amor é a melhor
arma de evolução e de revolução.
Agarremo-nos ao amor e deixe
que ele nos transforme,
pois, assim,
poderemos fazer do mundo
um cantinho mais aprazível,
colorido e com perfume de
rosas ou violetas.

Amor para
mudar.
Amor para transformar.
Amor para revolucionar.
Amor para tornar os dias
mais gostosos.

Findo, pedindo:
"Garçom, me vê um café
e um amor, por favor!".

(Erica Ferro)



 It's strange what desire will make foolish people do
I'd never dreamed that I'd need somebody like you
And I'd never dreamed that I'd knew somebody like you
No, I don't wanna fall in love
This world is always gonna break your heart 

(Wicked Game - HIM)


13/02/16

Desejos #3

Olá, pessoas queridas! Como estão? E o carnaval, foi tri louco ou tranquilo?
Eu estou bem, curtindo um sábado de muita preguiça, penúltimo dia de descanso desse longo feriado de carnaval.

Eu amo livros, quem me conhece sabe disso. No entanto, há um tempo que estou meio impossibilitada de adquirir livros, por meio de compra, permuta ou em forma de presente. O motivo é que não há mais espaço na minha estante de livros. Depois de uns tempos sendo parceria de uma editora bacaninha, minha estante ficou lotadíssima. Alguns livros são ótimos e eu não quero abrir mão deles. Outros eu ainda não li, mas pretendo ler, então não posso dar adeus. E, por fim, há os que não eu li e não tenho interesse em ler, e por isso pretendo passá-los adiante. Só assim terei espaço pra obter livros que são do meu interesse e que até então não podia por não haver mais espaço pra guardá-los. Em breve, pretendo separar os livros e, finalmente, doá-los. Afinal, um livro que pode não ter me cativado, pode, facilmente, cativar outro alguém. Acredito piamente todos que podem vir a ser leitores. Basta, apenas, encontrar o livro que desperte interesse e devorar como se não houvesse amanhã. 

Dentre muitos livros que quero ter, listarei aqui, abaixo, alguns títulos de editoras que respeito e gosto bastante do trabalho:

Título: O cinema de meus olhos
Autoria: Vinicius de Morais
Organização: Carlos Augusto Calil
Páginas: 512
Gênero: Literatura Nacional / Cinema
Lançamento: 08/12/2015
Editora: Companhia das Letras

Sinopse: Vinicius de Moraes amava o cinema. Mantinha o hábito de frequentar a sala escura, escrevia críticas e comentários, acompanhava as mudanças - tecnológicas e estéticas - da sétima arte. Essa convivência com filmes aumentou bastante quando, no final da década de 1940, o então jovem diplomata foi servir no consulado geral do Brasil em Los Angeles. Nameca do cinema, pôde conviver com estrelas como Orson Welles e Carmen Miranda, entre outras. Esta edição, organizada pelo crítico Carlos Augusto Calil, traz novos textos de Vinicius de Moraes sobre o cinema, seus grandes diretores, as grandes estrelas. Líricos, por vezes críticos, sempre muito bem-informados, os escritos cinematográficos do grande poeta brasileiro continuam um convite ao prazer das telas e das páginas.


Por quê? Porque eu amo as canções e as poesias de Vinicius de Moraes, e há pouco tempo brotou em mim o desejo de saber mais sobre cinema. Quero, um dia, poder dizer que entendo de cinema - pelo menos um pouquinho. Será uma experiência muito prazerosa ver o cinema pelos olhos do Poetinha.


Título: Mulheres de Cinzas #1
Autoria: Mia Couto
Páginas: 344
Gênero: Literatura Estrangeira / Romance Histórico
Lançamento: 16/11/2015
Editora: Companhia das Letras

Sinopse: Primeiro livro da trilogia As Areias do Imperador, Mulheres de cinzas é um romance histórico sobre a época em que o sul de Moçambique era governado por Ngungunyane (ou Gungunhane, como ficou conhecido pelos portugueses), o último dos líderes do Estado de Gaza - segundo maior império no continente comandado por um africano.
Em fins do século XIX, o sargento português Germano de Melo foi enviado ao vilarejo de Nkokolani para a batalha contra o imperador que ameaçava o domínio colonial. Ali o militar encontra Imani, uma garota de quinze anos que aprendeu a língua dos europeus e será sua intérprete. Ela pertence à tribo dos VaChopi, uma das poucas que ousou se opor à invasão de Ngungunyane. Mas, enquanto um de seus irmãos lutava pela Coroa de Portugal, o outro se unia ao exército dos guerreiros do imperador africano.
O envolvimento entre Germano e Imani passa a ser cada vez maior, malgrado todas as diferenças entre seus mundos. Porém, ela sabe que num país assombrado pela guerra dos homens, a única saída para uma mulher é passar despercebida, como se fosse feita de sombras ou de cinzas.
Ao unir sua prosa lírica característica a uma extensa pesquisa histórica, Mia Couto construiu um romance belo e vívido, narrado alternadamente entre a voz da jovem africana e as cartas escritas pelo sargento português.
“Um romance notável, de grande força expressiva.” - Milton Hatoum

Por quê? Porque o lirismo e as reflexões causadas pela literatura de Mia Couto são verdadeiros bálsamos para mente e para o coração. Me encantei por Mia quando li O Fio das Missangas, coletânea contendo 29 tocantes contos. Tenho certeza que esse livro é ótimo, pelo fato de ser de autoria de Mia, bem como por se tratar de um romance histórico. Eu amo romances históricos!


Título: Uma História de Solidão
Autoria: John Boyne
Páginas: 416
Gênero: Literatura Estrangeira / Ficção
Lançamento: 15/01/2016
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: Odran Yates era um garoto tímido nascido na Irlanda dos anos 1950. O país tinha uma longa tradição católica, e as leis da Igreja moldavam a sociedade com rigor claustrofóbico. Filho de um pai alcoólatra, que morreu com a certeza de que era um grande ator, e de uma mãe que abandonara a carreira de aeromoça para cuidar da família, Odran abraçou o caminho eclesiástico como único destino possível.
Primogênito de um lar disfuncional, que se tornou sufocante após uma tragédia familiar, Odran obedece à mãe e vai estudar em um seminário, onde conhece Tom Cardle, de quem se torna amigo. Ao contrário de Odran, tímido, inocente e reservado, Tom era irritadiço e rebelde. Não fossem os maus-tratos constantes do pai, ele nunca teria nem sequer passado em frente a uma igreja. Já Odran concluiria mais tarde que o sacerdócio era realmente adequado à sua personalidade.
Antes de se formar e ainda muito jovem, Odran fora designado para uma missão no Vaticano: caberia a ele servir pontualmente o café da manhã e o leite noturno do sumo pontífice - durante um ano, sete dias por semana -, incumbência que cumpriu com o rigor e o silêncio de “um fantasma”, como descreveria.
Da ingenuidade dos primeiros anos de colégio à descoberta dos segredos mais bem guardados da Igreja, o padre Odran Yates descreve uma Irlanda repleta de contradições e ódio por trás de um projeto social baseado nos bons costumes. Vive a decadência de seu ofício, que, diante de tantas denúncias de abuso sexual, passa a ser visto com desconfiança.
Mais do que lidar com a vida sofrida daqueles que ama e as implicações políticas de seu trabalho, o padre Yates tenta fazer um acerto de contas com a própria consciência, depois de ter sido convencido de que era inocente demais para entender o que ocorria ao seu redor.

Por quê? John Boyne é um escritor estrangeiro que há muito tempo vem me chamando a atenção. Ainda não conheço a sua escrita, mas absolutamente todas as resenhas e sinopses que leio acerca de seus livros são sempre incríveis, intrigantes e convidativas. Faz muito tempo que eu quero mergulhar em um dos romances de Boyne, que, segundo a maioria dos que o conhece, são densos, repletos de sentimentos e reflexões extremamente válidas. Essa temática, então, me interessou pelo fato de eu ter minhas curiosidades e críticas em relação aos dogmas e costumes da igreja católica. Penso que pode ser uma leitura bastante satisfatória.


Título: O Nadador
Autoria: Joakim Zander
Páginas: 320
Gênero: Literatura Estrangeira / Ficção
Lançamento: 22/01/2016
Editora: Intrínseca
Sinopse: Damasco, Síria, início dos anos 1980. Um agente secreto norte-americano abandona a filha recém-nascida em meio a um bombardeio, entregando-a a um destino incerto. A incapacidade de se perdoar o faz fugir do passado, levando-o ao Líbano, ao Afeganistão, ao Iraque - a qualquer lugar onde o perigo e a tensão o permitam esquecer seu erro.
Klara Walldéen foi criada pelos avós em uma ilha remota na Suécia. Assessora em início de carreira no Parlamento Europeu, em Bruxelas, ainda está aprendendo a navegar pelo ardiloso mundo da política quando acessa informações que não deveria, e se torna alvo de uma perigosa perseguição pela Europa. Apenas o ex-agente secreto poderá salvá-la. Mas, para isso, os dois precisarão revelar quem são. E o tempo está se esgotando.
Alternando habilmente entre passado e presente, entre Suécia, Síria e Estados Unidos, Joakim Zander tece uma rede de intrigas e suspense em um estilo sofisticado e descritivo que transformou O nadador em um estrondoso sucesso.

Por quê? Recentemente uma amiga querida compartilhou um post-divulgação da Intrínseca na minha linha do tempo no Facebook. Tratava-se de um trecho do livro O Nadador, de Joakim Zander. Desconhecia o título e o autor, até então. Pois bem, transcrevarei aqui: "Nadar mantém a culpa longe de mim. A repetição e o hábito a mantêm longe de mim. Na água, estou temporariamente seguro. Assim que paro, ouço o som da ignição do carro, vejo a imagem de uma criança muito pequena sob cacos de vidro, pedaços de concreto."
A maioria que me lê sabe que eu sou fissurada por natação, é tanto que sou nadadora paralímpica e nado cinco vezes por semana pra alimentar a minha paixão. Quando li esse trecho, senti empatia. Fiquei curiosa em saber do quê, ou de quem, o personagem vive a fugir. A estória que Joakim criou, segundo a Intrínseca, é um Thriller de tirar o fôlego. Poderia deixar de desejar esse livro? Não!


Título: A Arte do Descaso
Autoria: Cristina Tardáguila     
Páginas: 192
Gênero: Literatura Nacional / Não Ficção
Lançamento: 31/01/2016
Sinopse: Em pleno Carnaval, quatro homens invadiram o Museu da Chácara do Céu, no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro, e roubaram cinco obras de arte: um Dalí, um Matisse, um Monet e dois Picassos, cujo valor estimado, na época, ultrapassava 10 milhões de dólares. Naquela tarde de 24 de fevereiro de 2006, os ladrões, de posse de uma granada, renderam os três seguranças, desligaram o sistema de câmeras de vigilância e fizeram nove reféns. Um dos invasores subiu em um móvel histórico para, com uma faca, cortar os fios de náilon que seguravam um dos quadros. Meia hora depois, saíram pela mata para nunca mais serem vistos. Até hoje se trata do maior roubo de arte do Brasil e do oitavo do mundo.
Decidida a desvendar o mistério, a jornalista Cristina Tardáguila chegou a se colocar em situações de risco a fim de encontrar respostas. Em sua jornada, ela viajou para a Europa e mergulhou no mundo obscuro dos crimes de arte. A partir de meticulosa apuração dos eventos, muito maior do que a da própria polícia, a autora produziu uma narrativa vibrante, cheia de reviravoltas dignas de um thriller, construída apenas com fatos.

Por quê? Sabe quando batemos os olhos numa sinopse e soltamos um animado "Esse livro parece ótimo! Quero!"? Foi o que aconteceu comigo quando li a sinopse desse livro de não-ficção da Cristina Tardáguila . Não conhecia a autora nem os seus trabalhos como jornalista e repórter, mas essa sinopse foi o suficiente pra me fazer querer conhecê-la. Tardáguila me pareceu ser como os jornalistas e repórteres que tanto admiro: destemidos e que se jogam em uma investigação para buscar todas as respostas que brotam em suas mentes criativas e inteligentes. Claro que preciso conhecer esse trabalho da Cristina!

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Por hoje, é só, coisas lindas!
Essa foi a minha pequena lista de desejos literários. Quem quiser me fazer feliz contribuindo para aquisição desses lindos livros, favor enviar um e-mail para sacudindopalavras@live.com e eu passo as instruções sobre como me mandar presentes. Como devem ter percebido, não há timidez em mim quando se trata de adquirir livros. Sinto muito prazer em trocar, comprar e ganhar livros! Sobretudo, ganhar! (risos)
Um grande abraço.
Hasta la vista!  
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